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Afonso Henriques de Lima Barreto, nasceu no Rio de Janeiro em 1881 e faleceu na mesma cidade em 1922. Filho de um tipógrafo e de uma professora primária, foi servidor da Secreta-ria de Guerra e trabalhou em diversas redações de jornais importantes da época. Seu nome Äcou imortalizado pelas obras, a citar: Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911), Histórias e sonhos (1920), Clara dos Anjos, (1948), além de manifestos e numerosos artigos de crítica social. O escritor morreu aos 41 anos de idade.

Os Bruzundangas, publicada em 1923, é uma obra que satiriza as duas primeiras fases da Primeira República (1889-1930): a fase da Consolidação (1889-1898) e a fase da Institucionalização (1898-1921) das estruturas políticas e econômicas do período. Em meio a crises na política e na economia, deÄniram-se políticas como a dos governadores e do café com leite. As práti-cas políticas foram caracterizadas por troca de favores, pela união das oligarquias com o obje-tivo de escolher os Presidentes, pelo coronelismo e pelo clientelismo, que se utilizaram respectivamente do voto de cabresto e do voto em troca de favores. A Constituição de 1891 instituiu o Federalismo, o Presidencialismo, o sistema eleitoral e o Estado laico de direito.

A terra de Bruzundanga retrata o Brasil do começo do século sob o olhar crítico e objetivo do autor que, transcendendo as próprias frustrações, descreve com uma clareza crua as estrutu-ras que deÄnem a sociedade brasileira do seu tempo. O livro é dividido em 22 capítulos, crô-nicas que abordam situações especíÄcas do lugar e da sociedade supostamente imaginários. Um Prefácio do autor e um Capítulo Especial que descrevem “Os Samoiedas” e “Sua excelên-cia” antecipam os 22 capítulos. A linguagem satírica de Lima Barreto revela a fragilidade da estrutura econômica do país, a falta de escrúpulo dos grupos oligárquicos, a corrupção no meio político e dos políticos e a falta de visão para explorar as riquezas econômicas do país. Ele critica ferinamente a falta de conhecimento dos grupos sociais das classes privilegiadas, a diplomacia brasileira, os interesses particulares por detrás da Consituição de 1891, os chefes de governo, as forças armadas, a religião, a política do café com leite, atingindo até as esferas das Artes.

Para o autor, a diplomacia da Bruzundanga é marcada pelo desejo de viver fora do país, em qualquer lugar e para conquistas amorosas. Os que Äcam contentes no país, é porque obtêm muitos privilégios Änanceiros. A diplomacia começa por aprender alguma coisa de francês e estar sempre participando de festas e reuniões. “Não há mal algum que seja assim a diplo-macia daquelas paragens. A Bruzundanga é um país de terceira ordem e a sua diplomacia é meramente decorativa. Não faz mal, nem bem: enfeita”.

Uma das críticas mais cruas apresentadas pelo autor foi relativa aos artigos da Constituição. A respeito do Presidente, a Constituição estabelecia que ele deveria apenas saber ler e escre-ver, que não precisava ser inteligente, que não tivesse vontade própria e que fosse completamente medíocre, sendo a “Carta de Bruzundanga” em vários sentidos religiosamente obe-decida.

A sátira apresenta inúmeros elementos espirituosos, dentre eles, os nomes de personagens, de grupos sociais ou lugares, como o próprio título “Os Bruzundangas” sinaliza: o deputado Felixhimino ben Karpatoso, o grande sábio “Volkate ben Volkate”, a “nobreza doutoral”, os “potentados Änanceiros”, o “Mandachuva”, o visconde de Pancôme”, o “Halaké-ben Thore-ca”, o “Julho-ben Khosta”, o doutor “Adhil-ben Thaft”, o comerciante “Krat-ben Suza, o de-putado “Fur-hi-Bhundo”, a província do “Kaphet”, entre outros. Além disso, o livro apresenta termos de um português antigo e rebuscado, que nos incentiva a pesquisa para quem deseja enriquecer o seu próprio vocabulário da língua portuguesa.

Lima Barreto é um escritor pré-modernista, de cunho realista e nacionalista, que prenuncia a estética modernista brasileira. Sem idealização romântica, seu nacionalismo é crítico e expõe os problemas sociais brasileiros, retratando e escancarando de uma forma genial a realidade política e cultural. Sua obra é marcada ainda pela própria experiência vivida em meio ao pre-conceito social, pela exclusão devido à origem pobre, à negritude e aos problemas de saúde que enfrentava. A obra de Lima Barreto é imprescindível para se entender o Brasil atual e naturalmente o de sua época e está entre as mais importantes da literatura brasileira.

Por Henriqueta Rebuá de Mattos Oliveira Lima – Cadeira 86, Patrôno Oscar Lorenzo Fernandez