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Conheci a escritora Maria de Lourdes Fonseca numa reunião de escritores e, no primeiro olhar, fiquei encantada, não só pelo seu trabalho, mas, também, com o vigor, o talento e a luta que demonstrava em tudo que fazia. Parecia-me que não cansa nunca, sempre disposta a ajudar o próximo e a empreender objetivos mágicos. Não é apenas uma escritora extremamente talentosa, mas uma profissional habilidosa e dedicada.

O livro Casos de casas reporta-nos à própria vida. Descreve a vida de pessoas que, próximas, na Rua 40, transmitem a diversidade, a tristeza e os encantos da vida, bem como a forma de resolver problemas e sobreviver com dignidade, se jamais perder a esperança.

Com extrema simplicidade, mostra ao leitor o caminho de pessoas que vivem momentos nebulosos dentro de suas casas e que não conseguem esconder o dia a dia e o sentimento que lhes vai na alma, independentemente do modo de encarar os acontecimentos que lhes desafiam.

Todas as casas têm a sua história, e chegamos à conclusão que nenhuma biografia de vida é banal. Muito pelo contrário, cada uma traz em uma profundidade que nos comove.

Não tenho certeza, mas acredito que são narrativas presenciadas por sua alma extremamente sensível, cujos personagens chegam ao fundo do poço, sofrem, se desesperam e conseguem sair já mais amadurecidos pelo próprio sofrimento, mesmo porque em certas situações, não dá mais para descer, resta voltar. Outras são singelas e se reportam a mas felicidade verdadeira, porém, nem sempre perene.

As que mais me impressionaram foram as narrativas da vida de Sônia com uma desilusão quase intrínseca e, no entanto, revela a grandiosidade de um coração tão generoso que ela mesma não conhecia. Não acredito que uma vida seja mais vívida que a outra, mas ao leitor compete discernir o sentimento e o momento de cada um.

Também me impressionou o rapaz que escrevia, de modo sui generis, pela sua personalidade introvertida, o que acontece muitas vezes com pessoas próximas a nós.

Os sonhos de dois jovens chamaram-me a atenção, principalmente pelo fato de terem encontrado um anjo, que os conduziu por um caminho de raciocínio e compreensão honesta da vida.

Posso assegurar-lhes que os casos d essas casas singulares emocionaram-me profundamente.

Li este livro com avidez porque, além de tudo, ensinou-me a refletir de uma maneira peculiar para compreender a humanidade e a mim mesma. Tenho certeza que assim acontecerá com os seus leitores.

Creio que não devo especificar mais as histórias desse livro maravilhoso, para que possam saborear com mais expectativa e sentindo o afã de ir até o fim, sentindo, como eu senti, vontade que esse trabalho não acabasse nunca e pudéssemos mergulhar em suas páginas com a ansiedade de poder usufruir cada palavra.

Por Vânia Moreira Diniz, Cadeira 76 – Patrono Austregésilo de Athayde