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Adorei a capa, oportuna. As cores da bandeira Palestina – preta, branca, verde e vermelha, as cores da de Israel – branca e azul. Fecha, como um curativo, com a cor branca que tem nas duas, a tarja vermelha.

As letras e quarta capa em amarelo, cor de ouro, da mente clara. Especialmente, ressalto a opinião de The Guardian: OZ é um raro sopro de sanidade e inteligência.

O título, menor do que o nome do autor, sugere ser uma opinião, não uma verdade. O subtítulo: entre o certo e o certo denota compreensão, não o conflito que em geral aponta os “errados”. A lucidez vê os positivos quando não é precedida de ódio.

Amós Oz sentiu e sente, (se foi em 2018), a problemática de Israel e Palestina de dentro, assim pode opinar de forma orgânica.

Li todo o livro, mas vou me reter na primeira parte – Em Louvor às Penínsulas, material intenso de reflexão, maravilha apresentada em discurso, na Alemanha, diplomaticamente, na manhã seguinte aos ataques em Paris, novembro de 2015. “A única força do mundo capaz de conter e mesmo se sobrepujar aos islamitas fanáticos são os mulçumanos moderados”.

O autor fala do hábito de andar antes do amanhecer, que “põe as coisas na proporção correta”: E se eu fosse ele? O que sentiria, desejaria, temeria e esperaria? Do que se envergonha? (lembrei-me aqui de Mandela, que saiu lúcido da prisão de 27 anos, conhecendo muito bem os ingleses).

Já tive tal hábito, só que via o sol nascer. Esta postura reflexiva, meditativa, com a mente descansada, clara, limpa, é um verdadeiro ato de lucidez, exercício da compaixão.

A Curiosidade (não sei se essa palavra é a melhor tradução) é abordada, pelo autor, como uma forma de ver a frente de, além do além, e deveria ser uma condição do trabalho intelectual e científico. Certa vez quando do livro em análise Inteligência Emocional, num mestrado de relações internacionais, tive de chamar a atenção para o tanto que era lento aquele sistema de organização maravilhoso que é a ciência, contudo, esse processo fora sempre concebido por nós mulheres de forma inata.

“Sendo uma pessoa curiosa, assim interessada, seremos melhores pessoas, progenitores, vizinhos, colegas e amantes”.

Curiosidade e humor são os antídotos do fanatismo. “Fanáticos não têm senso de humor e raramente são curiosos”. O humor corrói as bases e a curiosidade leva a questionamentos.

“A arte, seu mérito principal não é propor uma reforma social ou crítica política”. A boa literatura ou arte é capaz de fazer abrir um terceiro olho em nossa testa! (Essa passou a ser a minha referência, já pensava, mas nunca tinha visto escrito). Pessoalmente, fico muito irritada com a lentidão de frases feitas, ode a mesmice. Se já foi pensado por muitos há algo errado, e se já foi falado é hora de pensar e ultrapassar. Nova luz da consciência no próximo passo. Por isso adoro Mia Couto, lógica que desconhecemos.

Creio que em exercício de perpetuidade, o que vemos hoje é reflexo de pelo menos vinte anos atrás, se apoiarmos estaremos atrasados. “Uma visão antiga tem um instante de nascimento – Nathan”.

Gosto da abordagem de, em outras palavras: todo bem tem um mal, todo mal tem um bem – Quando o autor fala da fofoca ser prima da literatura de má qualidade, filha da curiosidade e amante de clichês.

Amós diz que: escreve não a priori para as nossas emoções ou para o nosso intelecto, mas para a nossa curiosidade.

Quanto mais lucidez, a experiência nos mostra, mais imparcialidade. Não é um apoio à visão histórica ou a expertise de um cientista político, mas um lance à curiosidade e a imaginação – como seria viver na pele do outro, sonhar como o outro. Não é apoio a causas, é compaixão pelos aflitos, os que gritam. Um acordo de compromisso baseado em concessões mútuas, não há forma de levar todo o bolo.

“Curiosidade -> compromisso-> vida. E vida é para todos!”

Na reflexão sobre o mal, os imbuídos de dor tiram a responsabilidade sobre si mesmos, são vítimas da infância, da sociedade, do governo…

Quanto a causar dor, o autor afirma “sabemos quando ferimos o outro”. E diz que seu mandamento principal, síntese, seria: Não Ferirás.

Pessoalmente, creio que o nosso maior apego é à dor e ao reflexo da dor!

O autor dá uma ideia bem trabalhada da gradação do mal, nem bem pelo que é, mas pela extensão e profundidade que atinge.

Existe uma tendência à reclamação, onde se coloca todos os inconvenientes no mesmo balaio. Não se julga pela gradação do mal. Oz diz ser um exercício saber distinguir sobre o mal relativo.

A exemplo, eu digo:

– ser fútil é ruim, roubar para ter futilidades é pior.

– ser vaidoso é ruim, humilhar o colega é pior.

Há de se cuidar diariamente para não se tornar um servidor do mal. Acho muito difícil se saber pra quem se trabalha. Sempre fiquei impressionada como certas coisas surgiram, tais instrumentos de tortura….

– não ter simpatia e compreensão é ruim, mas degradar alguém é pior.

“Ruim, Pior e Pior de tudo”, axioma do autor.

Judeus foram rotulados: cosmopolitas, parasitas e intelectuais sem raízes. Tudo por sua nascência em vários lugares, e nós em Brasília, também vindos de todo o país, como seríamos?

“Judeus, voltem pra Palestina! Judeus, saiam da Palestina!”

Impressiona-me o extremismo, a conduta gregária, a deselegância no trato de terceiros. Quando conheci meu marido, na frente do seu departamento, da UnB, estava escrito: K vai pra p. q. p. (por extenso). Hoje tem uma sala com o nome dele.

Quem ocupou cargos importantes sabe como muitas pessoas “mudam a casaca” de forma automática. Nunca compreendi bem, até hoje relaciono isso ao gen da escravidão, ao medo de serem reprimidos.

No budismo há muitas citações mostrando o momento fortuito da vida muitas vezes não compreendido. Como exemplo “a família do autor foi expulsa na década de 30, e seria morta na década de 40”.

Momentos fortuitos de escolha e da vida, muitas vezes ocorrem sem nossa compreensão. Nessa fase de dicotomia política, agradeço meu afastamento antecipado por pressões que atingiram minha veia ética, pois não estou doente e poderia ter assinado muita coisa indevida. Apenas sofri custos financeiros, de resto lucrei.

Adoro o cultivo cultural dos judeus. Seus bons e apreciados hábitos, nas descrições e memórias, fizeram muitos deles sobreviver ao holocausto.

Acreditar que só “você” sente dor é no mínimo infantil, primário. Nem só pretos, mulheres, pobres são vítimas. Todos, pela nossa história, fizemos parte de conjunções não fortuitas. Infelizmente, conjunções acabam fixando um nível espiritual, que temos urgência em mudar (reflexão minha).

Após um onze de setembro, “como imaginar que depois do século XX viria o século XXI”. Edgar Morin fala sobre isso, das situações emergidas não imaginadas por ele, um homem hoje com 98 anos.

“Após um grupo extremista, temos hoje um planeta dividido por fanáticos – deveria ter uma matéria nas universidades: Fanatismo Comparado”. Amei.

Vivi situação em que, ao sair de casa minha filha defendia um partido de esquerda, quando cheguei no trabalho, com as mesmas palavras justificativas, a secretária de mesma idade, defendia um de direita.

“Há fanáticos e o resto. Na luta entre fanáticos, fica claro que “seus fins justificam os meios”. Para o resto “a vida encerra um fim em si mesma”.”

“O embate mundial não é entre ricos e pobres, nem entre civilizações. Questões complexas para os fanáticos implicam em respostas simples.”

O autor considera isto algo que sempre existiu, um gen ruim. “Muitas vezes é uma vontade imperiosa de modificar os outros pelo próprio bem deles” (caso do tratamento de pagãos, viciados, prostitutas… para se tornarem pessoas boas).

Pode também ser puro altruísmo, pensam mais em nós do que em si. Uma auto piedade que logrará uma redenção instantânea.

“O fanático não dá sinal pelo volume de sua voz, mas com a atitude ante a voz do outro”.

Lembra-me a utilização de frases da Bíblia justificando absolutamente todas as ações.

O autor considera antídotos ao fanatismo: humor, ceticismo e argumentatividade, ele viveu toda sua formação entre extremistas e pode observar.

Existe ambiguidade entre “traição” e “lealdade”. É uma questão de julgamentos se se está à frente ou se tem uma visão mais estendida, palavras minhas.

Amei a versão de Judas não ter sido um traidor. Já li ele ter sido o maior dos iniciados. Pessoalmente muitas vezes duvido da historia, principalmente em casos religiosos.

O autor contesta o amor universal, generalismo para um sentimento íntimo. Na minha vivência, vejo muitos amigos que dizem gostar de gente e vivem tendo conflitos; afirmo nem tanto gostar e vivo procurando compreende-los ou não arrumar conflitos.

Agressão, o autor diz ser contra, o que demonstra a atividade do pacifismo, há os que acreditam na paz agredindo outros.

Ideias ruins devem ser superadas por melhores, cultura da paz, assim o entendo. O uso de força não as extermina. A meu ver devem ser estudadas as sementes do problema. A exemplo: a repressão à violência doméstica a fez diminuir ante mulheres brancas e aumentou ante mulheres negras. Os negros devem estudar o problema que é muito mais profundo.

Amei a citação. Também, tenho o hábito judeu de debater comigo, com amigos, inimigos (não tanto), e quiçá com Deus.

A ideia do título, de um homem ser uma península é um bom grafismo. Compreendendo-a torna mais fácil a análise e soluções, assim como, uma visão mais verossímil das realidades.

Adorei ler esse livro, crítico, intimista e curto, extensivo e bem estruturado. Autor brilhante. Grata ao Grupo de Leitura da ALMUB e à Vanessa Vaz pela indicação.

Nádima Nascimento

Cadeira 47 – Patrona Neusa França.